O livro em questão: “A pesquisa como artesanato intelectual: considerações sobre o método e o bom senso", de autoria de GONDIM, L. M. P.; LIMA, J.L, versa sobre a metodologia de pesquisa para desenvolvimento de trabalhos e pesquisas acadêmicas e sua importância e utilidade, sendo que logo de início coloca bem claro que quem “detém o domínio da teoria e do método, tem consciência das suposições e implicações de seu trabalho”.
Ele é dividido em partes, dando destaque para: por que fazer uma dissertação ou uma tese, as características de um bom pesquisador, o papel do orientador, como redigir textos claros e objetivos e como deve ser o roteiro ou corpo de um projeto (estrutura, construção, forma, dados necessários, diretrizes a serem seguidas).
Os autores colocam que deve haver uma harmonia entre a forma com que o pesquisador irá realizar seu trabalho e o método que escolheu para tanto, com o intuito de chegar aos resultados desejados.
Lembram que o método nada mais é do que “como fazer” a pesquisa, aparecendo como um integrante a formação básica do cientista social.
No livro é colocado que a metodologia auxilia no “aprender a escrever”, sendo que é na pós-graduação que o aluno realiza, na maioria das vezes, sua primeira pesquisa individual, sendo necessário um planejamento que exige dedicação, disciplina e boa vontade.
Dentre os tópicos abordados no livro temos o por que de se fazer uma dissertação ou uma tese acadêmica, onde reforça a importância da função “pesquisador” como produtor de conhecimentos que ele próprio acaba por produzir ou aprofundar-se. Oculto aqui temos também casos onde algumas pessoas vêem na pesquisa uma oportunidade de emprego imediato através de bolsas concedidas para a realização da pesquisa.
Outro tópico apresentado pelos autores é a característica de um bom pesquisador, onde a principal exigência é gostar de realizar um trabalho intelectual, estar aberto a auto-crítica, ter conhecimento sobre os materiais e técnicas que irá utilizar, apreciar a leitura e habituar-se com isto. A pesquisa nada mais é do que um trabalho artesanal, dotada de esforço, paciência e dedicação.
O orientador aparece como o mentor intelectual, àquele que precisa ter afinidade e experiência com o tema escolhido, precisa ser acessível ao seu orientado, ao mesmo tempo em que é preciso ser rigoroso em relação à qualidade do trabalho que está orientando. A relação orientador – orientado aparece como uma relação social, sendo necessário o entrosamento e a boa relação entre ambos, onde os encontros sejam proveitosos e não torturosos. O orientador aparece como um aliado que serve de apoio e não como uma fonte adicional para as dificuldades do orientado.
É tratado também a importância e a difícil arte de se escrever bem e com clareza, de acordo com normas e formatos pré-estabelecidos, que rever lidas e relidas e várias revisões até se chegar ao produto final. É preciso ter em mente que o texto apresentado tem quer ser compreensível a outros leitores também, devendo ser organizado e direto, dotado de argumentos que fundamentem o que está sendo apresentado. Um pesquisador que não consegue reproduzir sua pesquisa, corre o risco de não conseguir socializar os frutos de seu conhecimento.
O livro traz também sugestões para a elaboração do projeto de pesquisa, lembrando que um projeto deve nortear a investigação e comunicar aos outros o que se pretende fazer, devendo assim ter claro os conteúdos, objetivos, métodos e resultados.
Coloca que um projeto deve seguir uma estrutura sugerida (introdução, justificativa, problematização, objetivos, metodologia, cronograma e bibliografia), mas que esta pode ser flexível e adaptável a pesquisa em questão. Sempre lembrando que o projeto em si precisa ter dois objetivos principais: nortear a investigação a ser feita e comunicar a mesma aos outros.
Quanto a estrutura do projeto o livro apresenta que esta pode ser adaptável ao tema e à metodologia da investigação, contudo oferece uma estrutura a ser seguida que apresenta: introdução, justificativa, problematização ou construção do objeto, objetivos, metodologia, cronograma, bibliografia.
É dentro desta estrutura e respeitando as devidas colocações que o orientado deve deixar claro seu objeto de pesquisa, a pertinência pela escolha do tema, a contribuição social que esta pesquisa trará, o embasamento teórico, as estratégias e procedimentos utilizados, a bibliografia consultada e o cronograma que orientou a mesma.
No tópico que trata sobre a construção do projeto e a escolha do tema, o livro deixa claro que o fator primordial deve ser o interesse do aluno sobre o assunto, a relevância do tema, a viabilidade (quanto a recursos) do estudo e o acesso ao que está sendo estudado. Lembra que o objeto de estudo não é uma questão para a qual o pesquisador já tenha uma explicação definitiva e irá somente transpô-la para o papel ou confirmar o que já sabe, mas sim fruto de muito estudo, dedicação e experimentação, para que os resultados sejam realmente o que é e não o que ele gostaria que fosse.
Ressalta a importância de um mínimo de familiaridade com o objeto a ser investigado, com informações oriundas de diversas fontes que passarão por processos sistemáticos de organização.
É lembrado a importância do levantamento bibliográfico como subsídio para a preparação da revisão da literatura, mantendo um arquivo sobre o tema, alimentando-o e utilizando este como fonte de idéias para outras pesquisas.
Apresenta também a importância de se inserir no mundo de sua pesquisa, contactar-se com pessoas que estudam ou estudaram o mesmo tema, participar de congressos, seminários, lembrando que o pesquisador não pode e não deve trabalhar isoladamente.
O projeto é apresentado como a antecipação da pesquisa a ser realizada, andando muitas vezes junto com o processo de investigação social, sendo que todo o processo se torna muito menos desgastante quando se tem em mãos boas ferramentas para sua condução.
Conclusão do resenhista
O livro “A pesquisa como artesanato intelectual: considerações sobre o método e o bom senso” trata de maneira clara e leve um tema que causa rumores dentro do mundo acadêmico: a metodologia para uma pesquisa científica, oferecendo subsídios para a elaboração de um projeto de pesquisa, lembrando que este é fruto de dedicação, disciplina e boa vontade que requer uma boa relação entre orientado e orientador.
O livro aborda a importância da pesquisa científica apresentando instrumentos necessários para a realização de trabalho, buscando a construção do conhecimento dos acadêmicos de forma a favorecer-lhes uma leitura e escrita mais eficientes, através da pesquisa e redação com embasamento científico trançando uma analogia entre o saber científico e sua influência no desenvolvimento da reflexão, da compreensão, da capacidade de interpretação e argumentação dos acadêmicos dos cursos de graduação
Fala sobre a atenção com a linguagem que deve ser clara e simples. Isso não tem nada há ver com superficialidade, mas ao objetivo de prendermos a atenção dos leitores ao escrevermos. A reabilitação da pesquisa como prática artesanalmente construída nos mostra a importância e necessidade de um pesquisador que se assuma como artesão pertinaz, paciente, atento, sensível, e ao mesmo tempo, despretensioso, investigador e questionador.
Coloca ainda a importância em aprender e usar a experiência do objeto de pesquisa a seu favor, ou seja, deve aprender a usar sua experiência em seu trabalho intelectual: examiná-la e interpretá-la continuamente. Neste sentido, o artesanato é o centro de você mesmo, e você está pessoalmente envolvido em cada produto intelectual em que possa trabalhar.
gostei muito dessa resenha ,muito esclarecedora .pois nós alunos de primeira viagem ficamos as escuras com as pesquisas.
ResponderExcluir