Olá, bem vindo ao blog da Gisele!!!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Uma história linda....

Sei que o intuito deste blog é ser um diário da disciplina "Elementos de Escritura Científica"... mas preciso postar...


Milla...


Era pouco maior do que minha mão: por isso eu precisei das duas para segurá-la, 13 anos atrás. E, como eu não tinha muito jeito, encostei-a ao peito para que ela não caísse, simples apoio nessa primeira vez. Gostei desse calor e acredito que ela também. Dias depois, quando abriu os olhinhos, olhou-me fundamente: escolheu-me para dono. Pior: me aceitou.


Foram 13 anos de chamego e encanto. Dormimos muitas noites juntos, a patinha dela em cima do meu ombro. Tinha medo de vento. O que fazer contra o vento?


Amá-la – foi a resposta, também acredito que ela entendeu isso. Formamos, ela e eu, uma dupla dinâmica contra as ciladas que se armam. E também contra aqueles que não aceitam os que se amam.


Quando meu pai morreu, ela se chegou, solidária, encostou sua cabeça em meus joelhos, não exigiu a minha festa, não queria disputar espaço, ser maior do que a minha tristeza.


Tendo-a ao meu lado, eu perdi o medo do mundo e do vento. E ela teve uma ninhada de nove filhotes, escolhi uma de suas filhinhas e nossa dupla ficou mais dupla porque passamos a ser três. E passeávamos pela Lagoa, com a idade ela adquiriu “fumos fidalgos”, como o Dom Casmurro, de Machado de Assis. Era uma lady, uma rainha de Sabá numa liteira inundada de sol e transportada por súditos imaginários.

No sábado, olhando-me nos olhos, com seu olhinhos cor de mel, bonita como nunca, mais que amada de todas, deixou que eu a beijasse chorando. Talvez ela tenha compreendido. Bem maior do que minha mão, bem maior do que meu peito, levei-a até o fim.

Eu me considerava um profissional decente. Até semana passada, houvesse o que houvesse, procurava cumprir o dever dentro de minhas limitações. Não foi possível chegar ao gabinete onde, quietinha, deitada a meus pés, esperava que eu acabasse a crônica para ficar com ela.

Até o último momento, olhou para mim, me escolhendo e me aceitando. Levei-a, em meus braços, apoiada em meu peito. Apertei-a com força, sabendo que ela seria maior do que a saudade.

 
© Carlos Heitor Cony.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Resenha - “A pesquisa como artesanato intelectual: considerações sobre o método e o bom senso

O livro em questão: “A pesquisa como artesanato intelectual: considerações sobre o método e o bom senso", de autoria de GONDIM, L. M. P.; LIMA, J.L,  versa sobre a metodologia de pesquisa para desenvolvimento de trabalhos e pesquisas acadêmicas e sua importância e utilidade, sendo que logo de início coloca bem claro que quem “detém o domínio da teoria e do método, tem consciência das suposições e implicações de seu trabalho”.
Ele é dividido em partes, dando destaque para: por que fazer uma dissertação ou uma tese, as características de um bom pesquisador, o papel do orientador, como redigir textos claros e objetivos e como deve ser o roteiro ou corpo de um projeto (estrutura, construção, forma, dados necessários, diretrizes a serem seguidas).

Os autores colocam que deve haver uma harmonia entre a forma com que o pesquisador irá realizar seu trabalho e o método que escolheu para tanto, com o intuito de chegar aos resultados desejados.

Lembram que o método nada mais é do que “como fazer” a pesquisa, aparecendo como um integrante a formação básica do cientista social.

No livro é colocado que a metodologia auxilia no “aprender a escrever”, sendo que é na pós-graduação que o aluno realiza, na maioria das vezes, sua primeira pesquisa individual, sendo necessário um planejamento que exige dedicação, disciplina e boa vontade.

Dentre os tópicos abordados no livro temos o por que de se fazer uma dissertação ou uma tese acadêmica, onde reforça a importância da função “pesquisador” como produtor de conhecimentos que ele próprio acaba por produzir ou aprofundar-se. Oculto aqui temos também casos onde algumas pessoas vêem na pesquisa uma oportunidade de emprego imediato através de bolsas concedidas para a realização da pesquisa.

Outro tópico apresentado pelos autores é a característica de um bom pesquisador, onde a principal exigência é gostar de realizar um trabalho intelectual, estar aberto a auto-crítica, ter conhecimento sobre os materiais e técnicas que irá utilizar, apreciar a leitura e habituar-se com isto. A pesquisa nada mais é do que um trabalho artesanal, dotada de esforço, paciência e dedicação.

O orientador aparece como o mentor intelectual, àquele que precisa ter afinidade e experiência com o tema escolhido, precisa ser acessível ao seu orientado, ao mesmo tempo em que é preciso ser rigoroso em relação à qualidade do trabalho que está orientando. A relação orientador – orientado aparece como uma relação social, sendo necessário o entrosamento e a boa relação entre ambos, onde os encontros sejam proveitosos e não torturosos. O orientador aparece como um aliado que serve de apoio e não como uma fonte adicional para as dificuldades do orientado.

É tratado também a importância e a difícil arte de se escrever bem e com clareza, de acordo com normas e formatos pré-estabelecidos, que rever lidas e relidas e várias revisões até se chegar ao produto final. É preciso ter em mente que o texto apresentado tem quer ser compreensível a outros leitores também, devendo ser organizado e direto, dotado de argumentos que fundamentem o que está sendo apresentado. Um pesquisador que não consegue reproduzir sua pesquisa, corre o risco de não conseguir socializar os frutos de seu conhecimento.

O livro traz também sugestões para a elaboração do projeto de pesquisa, lembrando que um projeto deve nortear a investigação e comunicar aos outros o que se pretende fazer, devendo assim ter claro os conteúdos, objetivos, métodos e resultados.

Coloca que um projeto deve seguir uma estrutura sugerida (introdução, justificativa, problematização, objetivos, metodologia, cronograma e bibliografia), mas que esta pode ser flexível e adaptável a pesquisa em questão. Sempre lembrando que o projeto em si precisa ter dois objetivos principais: nortear a investigação a ser feita e comunicar a mesma aos outros.

Quanto a estrutura do projeto o livro apresenta que esta pode ser adaptável ao tema e à metodologia da investigação, contudo oferece uma estrutura a ser seguida que apresenta: introdução, justificativa, problematização ou construção do objeto, objetivos, metodologia, cronograma, bibliografia.

É dentro desta estrutura e respeitando as devidas colocações que o orientado deve deixar claro seu objeto de pesquisa, a pertinência pela escolha do tema, a contribuição social que esta pesquisa trará, o embasamento teórico, as estratégias e procedimentos utilizados, a bibliografia consultada e o cronograma que orientou a mesma.

No tópico que trata sobre a construção do projeto e a escolha do tema, o livro deixa claro que o fator primordial deve ser o interesse do aluno sobre o assunto, a relevância do tema, a viabilidade (quanto a recursos) do estudo e o acesso ao que está sendo estudado. Lembra que o objeto de estudo não é uma questão para a qual o pesquisador já tenha uma explicação definitiva e irá somente transpô-la para o papel ou confirmar o que já sabe, mas sim fruto de muito estudo, dedicação e experimentação, para que os resultados sejam realmente o que é e não o que ele gostaria que fosse.

Ressalta a importância de um mínimo de familiaridade com o objeto a ser investigado, com informações oriundas de diversas fontes que passarão por processos sistemáticos de organização.

É lembrado a importância do levantamento bibliográfico como subsídio para a preparação da revisão da literatura, mantendo um arquivo sobre o tema, alimentando-o e utilizando este como fonte de idéias para outras pesquisas.

Apresenta também a importância de se inserir no mundo de sua pesquisa, contactar-se com pessoas que estudam ou estudaram o mesmo tema, participar de congressos, seminários, lembrando que o pesquisador não pode e não deve trabalhar isoladamente.

O projeto é apresentado como a antecipação da pesquisa a ser realizada, andando muitas vezes junto com o processo de investigação social, sendo que todo o processo se torna muito menos desgastante quando se tem em mãos boas ferramentas para sua condução.

Conclusão do resenhista

O livro “A pesquisa como artesanato intelectual: considerações sobre o método e o bom senso” trata de maneira clara e leve um tema que causa rumores dentro do mundo acadêmico: a metodologia para uma pesquisa científica, oferecendo subsídios para a elaboração de um projeto de pesquisa, lembrando que este é fruto de dedicação, disciplina e boa vontade que requer uma boa relação entre orientado e orientador.

O livro aborda a importância da pesquisa científica apresentando instrumentos necessários para a realização de trabalho, buscando a construção do conhecimento dos acadêmicos de forma a favorecer-lhes uma leitura e escrita mais eficientes, através da pesquisa e redação com embasamento científico trançando uma analogia entre o saber científico e sua influência no desenvolvimento da reflexão, da compreensão, da capacidade de interpretação e argumentação dos acadêmicos dos cursos de graduação

Fala sobre a atenção com a linguagem que deve ser clara e simples. Isso não tem nada há ver com superficialidade, mas ao objetivo de prendermos a atenção dos leitores ao escrevermos. A reabilitação da pesquisa como prática artesanalmente construída nos mostra a importância e necessidade de um pesquisador que se assuma como artesão pertinaz, paciente, atento, sensível, e ao mesmo tempo, despretensioso, investigador e questionador.

Coloca ainda a importância em aprender e usar a experiência do objeto de pesquisa a seu favor, ou seja, deve aprender a usar sua experiência em seu trabalho intelectual: examiná-la e interpretá-la continuamente. Neste sentido, o artesanato é o centro de você mesmo, e você está pessoalmente envolvido em cada produto intelectual em que possa trabalhar.